segunda-feira, 26 de novembro de 2012

QUAL O PROBLEMA COM OS EFEMINADOS?

  A homofobia (aversão a homossexuais) passa, sim, pelo que se considera socialmente masculino e feminino, mas, ao contrário do que se pensa, não por "culpa" dos efeminados.
  Embora os corpos do homem e da mulher sejam naturalmente diferentes, os papéis sociais atribuídos aos sexos não têm nada de natural. Os atributos femininos da docilidade, do recato, da sensualidade, ete... São construtos socioculturais, ensinados e aprendidos. O mesmo acontece com atributos masculinos - e, emboras todas as culturas estabeleçam diferenças entre homens e mulheres, há muitas dessemelhanças entre o que uma considera masculino e aoutra, feminino.
  Também são construtos as reçlações entre os dois conceitos, o que faz eco ao etatus dos comportamentos homossexuais. No livro Homossexualidade: uma história (Record, 1996), Colin Spencer observa que, nas culturas em que homens e mulheres têm papéis estritos e bem determinados, com a mulher numa  posição inferior, há mais restrições às relações entre iguais - ou elas são vividas de forma ritualizada. Já quando a mulher tem mais poder e as relações de gênero são mais fluidas, há mais aceitação das relações homossexuais e até das travestilidades.
  Isso ajuda a entender a questão dos efeminados. A cultura ocidental e cristã aceita pouco a fluidez dos papéis de gênero e atribui à mulher um status inferior. O hmossexual é identificado como um "homem com papel feminino" e, por isso um homem inferior. O s efeminados, por sua vez, são os "inferiores" mais evidentes.
  Embora as características femininas que assumem sejam também construções, os efeminados, entretanto, têm pontencial questionador: o de demonstrar que tais características são tão artificiais que podem ser incorporadas por um homem. Desmacaram a pretensa "natureza" pela qual a sociedade se justifica e podem apontar para a possibilidade de serem criados novos modelos, mais justos e democráticos.
  Nesse sentido, os gays másculos que o criticam apenas por serem efeminados - e, afinal, o que é exatamente ser efeminado? - podem estar desempenhando um papel conformista e até antigay, diante da lógica explicada há pouco.
  No entanto, gays másculos também podem ser questionadores, à medida que mostram que o papel de "homem másculo" que inexoravelmente inclui a heterossexualidade, é também artificial, pois é possível ser másculo - e gay.

Por João Marinho
 
 

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