Análise do Filme - Guerra
de Canudos
A situação do
Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca,
miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente
a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo
religioso, desencadeou um grave problema social. O povo foi sendo arrebatado
por Antônio Conselheiro, baseados na fé que ele profetizava, em busca de uma
vida mais digna, mais justa.
No sertão da Bahia
travou-se a Guerra de Canudos, uma das mais sanguinárias revoltas populares da
história brasileira. Em novembro de 1896 foi iniciado este conflito que durou
por quase um ano, até Outubro de 1897. O movimento que, inicialmente era de
cunho religioso, tomou dimensões políticas e devido à enorme proporção que
adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta
que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a interferência da
República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter
os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam
mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo
cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar
qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que
não escaparam idosos, mulheres e crianças.
O beato Conselheiro
era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por
Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados
republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos.
Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que
acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema
pobreza na qual se encontravam.
Canudos era um
arraial do interior da Bahia, região onde se instalou a partir de 1893 o beato
Antônio Conselheiro, juntamente com seus seguidores. Antes, o beato percorrera
o sertão pregando transformações e despertando a ira das autoridades e da
Igreja Católica, que o consideravam uma ameaça, pois começa a tornar um simples
movimento em algo grande demais para a República, que acabara de ser
proclamada.
Conselheiro
comandou uma queima de editais de cobrança de impostos e, em seguida,
refugiou-se com seus adeptos em Canudos. A partir daí, seu exército, uma grande
massa de pobres e maltrapilhos, só cresceu, chegando a uma população de 30 mil
pessoas. Os seguidores de Antônio Conselheiro apenas defendiam seus lares, mas
a nova ordem não podia aceitar que humildes moradores do sertão da Bahia
desafiassem a República. Ao mesmo tempo, Conselheiro desenvolveu uma
experiência socialista em Canudos, cada família entregava metade de suas posses
para o conjunto da comunidade, mantinha roças e criações familiares, vivia
desse trabalho e sustentava os desvalidos que iam chegando. Conselheiro seguia
princípios da igreja católica e impunha regras religiosas rígidas a seus
seguidores, como a "hora da reza" realizada diariamente.
Somente o fato da
Guerra de Canudos ter durado quase um ano, com a comunidade de Antônio
Conselheiro resistindo até o fim, nos diz que existe algo mais do que fanatismo
religioso. Eles estavam coerentes e íntegros com o que sentiam, acreditavam e
achavam. O povo lutou porque gostava do Conselheiro, e só queria liberdade para
viver e trabalhar em sua terra. Portanto, a coesão social era a força motriz,
apesar de outras forças, como a fé religiosa.
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