segunda-feira, 23 de julho de 2012

PEGAR NO BREU

  Breu, do francês brai, lodo, é a resina residual da terebentina.    Documentos do início da Era Cristã contam que ele era importante produto nos antigos centros comerciais da Grécia, Macedônia e Egito. O alcatrão e o breu serviam para calafetar barcos de madeira, impermeabilizar cordas e lonas, e também como combustível para tochas e outras aplicações na navegação. A expressão designa situação que não pode inverter o rumo nem retornar à etapa anterior. Entre nós, vem dos tempos em que era comum soltar muitos balões nas festas juninas, alegria da garotada. A tocha deles era feita de sacos de estopa molhados com parafina de velas derretidas; no centro da mecha havia breu, substância escura e inflamável para a produção de colas, tintas e vernizes. Como não era fácil colocar o balão no ar, ele pairava durante alguns minutos até que o fogo atingia o centro da mecha, o balão tomava força e subia rapidamente. Pegar no breu é a expressão popular que descreve o momento em que os balões pegam impulso.
No Maracanã, as torcidas muitas vezes soltam balões antes do início das partidas. Quando o balão vence a marquise da arquibancada e ganha o céu — quer dizer, pega no breu —, diz a lenda que a equipe vencerá. Se murchar e cair, a derrota será fatal. Neste caso, a cena é desanimadora e só resta rezar... VÂNDALOS – Tribo germânica que vivia no território atual da Noruega. Por volta de 330, o imperador Constantino lhe ofereceu áreas na fronteira do Império Romano, e eles por lá ficaram por quase um século. Depois, construíram um reino no norte da África centralizado em Cartago e, em 1455, atacaram Roma ameaçando incendiá-la, só não o fazendo por súplica do papa. Mesmo assim a saquearam. O berço de seu nome está na região autônoma da Andaluzia – originalmente Valdalusia e depois Al-Andalus, dominada pelos mouros, onde os vândalos se fixaram antes de partirem para a África. Hoje, a palavra vândalo designa qualquer pessoa que destrói as coisas sem razão. Vandalismo se tornou sinônimo de bárbaros saques e destruição generalizada. Há exemplos de atitudes radicais como essas em momentos de aguda tensão social. É quando fala mais alto o instinto selvagem recordando que o homem é o lobo do homem... COUNTRY – Em inglês essa palavra designa campo, mas também o próprio país em conjunto. País, em inglês, é country. Aliás, também o nome do gênero musical que, por analogia, é chamado de caipira — mas deles, nos EUA. Entre nós, o vocábulo traduz um estilo de vida e de vestir, habitual aos peões de rodeio, o chamado mundo country. Também é o nome dos clubes de gente rica. O Country Club do Rio de Janeiro, localizado em Ipanema, é a mais fechada das agremiações da cidade. Só vira sócio quem passa no teste das bolinhas, aquele em que o candidato tem o nome submetido à decisão do conselho do clube. Colocadas bolinhas brancas e pretas numa urna, só é aprovado quem não recebe nenhuma bola preta. O famoso cronista social Ibrahim Sued tentou entrar mas levou bola preta, sendo rejeitado, o que repercutiu intensamente no society carioca. Quanto à pronuncia da palavra, há quem diga que cáuntri é a forma comum de pronunciar o nome pelos mortais comuns. Já cântri é como os mauricinhos e patricinhas a pronunciam, filhos de sócios com aquele halo de sofisticação próprio dos ricaços enfastiados de tanto luxo. Ridículo é o Brasil — na linha da macaquice aos americanos — promover festivais country, até com vestuário texano, onde a música que mais se canta é Oh,Suzana...

MÁRCIO COTRIM . www.marciocotrim.com.br

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