quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

COESÃO  E  COERÊNCIA                  


A coesão é a ligação entre os elementos de um texto , que ocorre no interior das frases ,  entre as próprias frases e entre os vários parágrafos. Pode-se dizer que um texto é coeso quando os conectivos são empregados corretamente.
Já a coerência diz respeito à ordenação de idéias, dos argumentos. A coerência depende obviamente da coesão. um texto com problemas de coesão terá , com certeza , problemas de coerência. Veja alguns casos :

1)- Uso inadequado do conectivo :-  preposição , conjunção e pronome relativo

2)- Falta de seqüência lógica

3)- Redundância :- é a repetição desnecessária de palavras, expressões ou idéias. Geralmente os textos redundantes  são confusos e mais extensos do que o necessário.

4)- Ambigüidade :- é uma falha na estrutura frasal, que terá que ser desfeita, caso ocorra, na produção de um texto.

     Veja estas duas frases , retiradas de um vestibular da Fuvest - SP , em que o aluno era solicitado a desfazer a ambigüidade:
“Ele me trata como irmão”.
Essa frase pode ser compreendida de duas maneiras:
a)- Ele me trata como se eu fosse irmão dele.                  

b)- Ele me trata como um irmão me trataria.

Outro caso :-   “O menino viu o incêndio do prédio”.
Pode-se inferir daí que o menino viu um prédio que se incendiava ou o menino estava num prédio quando o incêndio que acontecia em outro local.

Discurso Dissertativo de Caráter Científico

                                                                                                                    
Observe :
a)- A inflação corrói o salário do operário.
b)- Eu afirmo que a inflação corrói o salário do operário.

Os dois enunciados acima pretendem transmitir o mesmo conteúdo : a inflação corrói o salário do operário. Há , no entanto , uma diferença entre eles. No primeiro , o enunciador ( aquele que produz o enunciado ) ausentou-se do enunciado , não colocando  nele  nem o “eu” , que indica aquele que fala , nem um verbo que significa o ato de dizer. No segundo, ao contrário , ao dizer “eu afirmo” , o enunciador inseriu-se no enunciado , explicitando quem é o responsável por sua produção. No primeiro caso , pretende-se criar um efeito de sentido de objetividade , pois se enfatizam as informações a serem transmitidas; no segundo ,o que se quer é criar um efeito de sentido de subjetividade , mostrando que a informação veiculada é o ponto de vista de um indivíduo sobre a realidade.

O discurso dissertativo de caráter científico deve ser elaborado de maneira a criar um efeito de objetividade , pois pretende  dar  destaque ao conteúdo das informações feitas ( ao enunciado ) e não à subjetividade de quem as proferiu ( ao enunciador ). Quer concentrar o debate nesse foco e por isso adota expedientes que , de um lado , procuram neutralizar a presença do enunciador nos enunciados e, de outro , põem em destaque os enunciados, como se substituíssem por si mesmos.

Para neutralizar a presença do enunciador, isto é , daquele que produz o enunciado , usam-se certos procedimentos lingüísticos , que passaremos a expor:-
a)- Evitam-se os verbos de dizer na primeira pessoa ( digo , acho ,afirmo , penso, etc. ) e com isso procura-se eliminar a idéia de que o conteúdo de verdade contido no enunciado seja mera opinião de quem o proferiu
Não se diz , portanto:
Eu afirmo que os modelos científicos devem ser julgados pela sua utilidade.

Mas simplesmente :
Os modelos científicos devem ser julgados pela sua utilidade.

b)- Quando , eventualmente , se utilizam verbos de dizer , são verbos que indicam certeza e cujo sujeito se dilui sob a forma de um elemento de significação ampla e impessoal , indicando que o enunciado é produto de um saber coletivo, que se denomina ciência. Assim , o enunciador vem generalizado por “nós” em vez de “eu” ou oculto :-

Temos bases para afirmar que a agricultura constitui uma alternativa promissora para a nossa economia.
ou ,
Pode-se garantir que a agricultura . . .
ou ainda ,
Constata-se que a agricultura . . .

   Em geral , não se usa a primeira pessoa do singular no discurso científico.

c)- A exploração do valor conotativo das palavras não é apropriada ao enunciado científico. Nele , os vocábulos devem ser definidos e ter um só significado. Num texto de astronomia , “lua” significa satélite da Terra e não uma sonora barcarola ou astro dos loucos e enamorados.

d)- Deve-se usar a língua padrão na sua expressão formal , não se ajusta a ele o uso de gírias ou quaisquer usos lingüísticos distanciados da modalidade culta e formal da língua.

Vamos expor alguns expedientes que servem para fundamentar esse tipo de enunciado e aumentar seu poder de persuasão.

e)-  A argumentação pode basear-se em operações de raciocínio lógico , tais como as implicações de causa e efeito , conseqüência e causa , condição e ocorrência , etc.

f)-  Pode-se desqualificar o enunciado científico atribuindo-o à opinião pessoal do enunciador ou restringindo a universidade da verdade que ele afirma.
  
Roberto supõe que o espaço social brasileiro se divida em casa , rua e outro mundo.

Como se pode notar , ao introduzir o enunciado por um verbo de dizer ( supõe ) que não indica certeza , reduz-se o enunciado a uma simples opinião.

Observe-se ainda outro exemplo :
O átomo foi considerado , por muito tempo, como a menor partícula constituinte da matéria.
            Não é preciso dizer que o verbo  ( foi considerado ) e a restrição de tempo ( por muito tempo ) esvaziam o enunciado do seu caráter de verdade geral e objetiva.
   g)- Ataque ao expediente de argumentação , veja :-
·      citando autores renomados que contrariam o conteúdo afirmado no enunciado ou evidenciando que o enunciador não compreendeu o significado da citação que fez;
·      desautorizando os dados de realidade apresentados como prova ou mostrando que o enunciador , a partir de dados corretos , por equívoco de natureza lógica , tirou conclusões inconseqüentes.
Ex.:-  O controle demográfico é uma das soluções urgentes para o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos : as estatísticas comprovam que os países desenvolvidos o praticam.

Desqualificação :
O dado estatístico apresentado é verdadeiro , mas o enunciado é inconsistente , pois pressupõe uma relação de causa e efeito difícil de ser demonstrada , isto é , que o controle demográfico seja capaz de produzir o desenvolvimento. O mais lógico é inverter a relação : o desenvolvimento gera o controle demográfico , e não o contrário.

Enunciados


1.    identificar: reconhecer, apontar elementos no texto (exemplificar);

2.    comentar: opinar sobre elementos do texto;

3.    interpretar: reproduzir o conteúdo de trechos ou  do conjunto  do  texto

4.    explicar: reconhecer os elementos  de  causa e  conseqüência  do texto, subordinando-os;

5.    analisar: fazer afirmações argumentativamente;

6.    comparar: estabelecer  relações de  semelhança  e/ou  contraste entre dois ou mais textos.

Resumo = distinguir as idéias centrais do texto e sintetizá-lo.

Paráfrase = reescrever o texto, “traduzir” com palavras próprias.

Erros clássicos


1.    extrapolação: ir além dos limites do texto; indevidamente acrescentar elementos desnecessários à compreensão do texto;

2.    redução: abordar apenas uma parte, um aspecto do texto quebrar o conjunto, isolar o texto do contexto;

3.    contradição: chegar  a uma conclusão  contrária à  do texto  perde passagens do desenvolvimento do texto, invertendo o seu sentido.

Analisar


* Perceber a estrutura do texto, as partes de que se compõe: parágrafos (prosa)  estrofes (poesia);

* Relacionar idéias básicas e tipos de raciocínio;

* Verificar o tipo de linguagem.

<><><><><>

Contexto

Jornalístico
( Linguagem
Predominante
Formal)

Notícia

( predomínio da
Narração)
¨        narrador (quem conta a história)
¨        personagem (quem vive a história)
¨        Ação (o que aconteceu)
¨        Tempo (quando aconteceu)
¨        Lugar (onde aconteceu)


Opinião

( formas de
Persuasão )
¨        Ironia (dizer indiretamente)
¨        Comparação (ligar fatos não totalmente semelhantes)
¨        Eufemismo (suavizar o que se diz)
¨        Suposição (imaginar um fato-exemplo)
¨        Hipérbole (exagero)


Contexto científico
Linguagem predominante
Informal
– predomínio da dissertação –
(afirmações + argumentos
demonstrações)

Didático
( tom pedagógico)

¨        opinião + argumento

¨        relação entre as premissas (causas)
¨        e as conseqüências (conclusões)
¨        introdução: exposição do assunto
¨        Desenvolvimento: argumentação
¨        conclusão: síntese das idéias principais


Contexto da oralidade
Linguagem predominante
formal predomínio da
descrição
¨        Repartições
¨        Regionalismos
¨        Gírias
¨        Frases feitas
¨        Expressões populares
¨        uso dos sentidos: visão, tato, audição, olfato e paladar
¨        linguagem corporal
¨        predomínio da emoção sobre a razão
¨        presença da imaginação

Nenhum comentário:

Postar um comentário