Popularmente, é estar bem de vida. Mas o que a carne seca tem a ver com riqueza?
Hoje, o processo de preparação desse tipo de carne é quase igual ao de antigamente. O animal abatido primeiro é pendurado, para que lhe escorra o sangue; depois, tem o seu couro retirado. Da carne, são escolhidos alguns cortes - de preferência alcatra, lombo e patinho. Esses pedaços são cortados em mantas, cada uma com cerca de cinco centímetros de espessura e empilhadas em lugares secos, mudando muitas vezes de posição para facilitar a evaporização dos líquidos. Por fim, são estendidas em varais, até completar a secagem.
Em outros tempos as mercearias - então conhecidas como bodegas - vendiam mantas, que, colocadas sobre o balcão, ocupavam todo o espaço. Como os merceeiros supostamente ganhavam muito bem e ficavam, literalmente, debruçados sobre as mantas de carne seca, - dando impressão de serem ricos e poderosos para os fregueses, - surgiu, por analogia, essa curiosa expressão.
Nos dias de hoje, os endinheirados nem chegam a saber o que é carne seca. A tenra carne que consomem em sua opípara vida passam bem longe do reino vacum.
Márcio Cotrim, em O berço da palavra. Caderno Viver. Diário de Pernambuco 16/01/2012.
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