Na Grécia, representava o saber racional. Os gregos opunham à coruja a águia que, do alto de sua presunção e orgulho, atira-se ao que aparece a mexer no solo e desce furiosa para apanhar sua presa. Por possuir alta capacidade de ver no escuro, a coruja (do latim tardio curusa, ave que anda de noite), atravessa a escuridão da ignorância e não apenas vê o que os outros não vêem e escuta o que não escutam. É a imagem da capacidade de reflexão diante das dificuldades e demonstra lucidez para encontrar saídas. A coruja tem visão 180% superior à do homem. Enxerga tudo ao seu redor, apesar de ser daltônica, não identificando a cor vermelha. Pode mexer completamente a cabeça girando-a para todos os lados, já que seus olhos são completamente separados. É muito difícil enganá-la, pois percebe segundas intenções.
Ave muito ligada à família, não abandona os filhos em hipóteses alguma. A política doméstica do casal assim se divide: o macho cuida dos filhotes e a fêmea sai para caçar. O oposto do que sucede historicamente com os seres humano, só que hoje, com a presença cada mais maior da mulher no mercado de trabalho, não é raro encontrar um marmanjo de pernas para o ar enquanto sua esposa luta para conseguir os caramiguás que vão sustentar a filharada.
O berço da palavra. Márcio Cotrim.
Caderno Viver. Diário de Pernambuco. 16/01/2012.
