domingo, 31 de março de 2013

A ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO

A expressão "A última flor do Lácio", que designa a nossa língua materna, vem do soneto Língua Portuguesa, de Olavo Bilac, cujos dois primeiros versos dizem "Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura." O Lácio, a que Bilac se referia, era uma região pobre da Itália antiga às margens do rio Tibre, onde se falava o latim. Dessa árvore (o latim), muitas flores brotaram (espanhol, italiano, francês, e o romeno, entre outras ) sendo a última o português. Há quem diga que o adjetivo "última", usado por Bilac, não tem conotação temporal, mas qualitativa (por ser o português uma das línguas latinas menos estudadas) ou locativa --por se situar no extremo oeste da Europa, Portugal teria sido o último lugar onde os generais romanos (e o Latim) chegaram.

TAILÂNDIA

A atual Tailândia era, até 1939, o Reino do Sião, ou simplesmente Sião, onde se passa a clássica história do filme "Ana e o Rei". Sião é a origem do gato siamês e do termo "irmãos siameses". Lá nasceram em 1811 os irmãos Eng e Chang que, apesar de terem nascido unidos pelo tórax, casaram-se com duas irmãs e tiveram, ao todo, 21 filhos (Eng 11 e Chang 10).

CHRISTMAS

Sempre me intrigou, como professora de inglês, o tal "-mas" no final da palavra Christmas (Natal). Pensei que pudesse ter o sentido de nascimento, já que Christ, como se pode facilmente deduzir, é "Cristo" em inglês. Na verdade, o sufixo -mas vem do inglês antigo (falado na região onde é a agora a Inglateraa e o sudeste da Escócia entre meados do século V e meados do século XII). Em Old English, a palavra maesse significava dia de festa, festival ou missa. Christmas é, portanto, uma festa para Cristo.

ALUNO

O vocábulo aluno é derivado do latim alumnus, particípio substantivado do verbo alere (=alimentar, nutrir). A idéia do termo, portanto, é de que o aluno é aquele que está sendo nutrido ou criado. Hoje se sabe que, na construção significativa do conhecimento, o processo é mais complexo, e que não cabe ao professo "alimentar" seus alunos com o conhecimento, mas sim despertar neles a vontade de buscá-lo. De qualquer maneira, não deixa de ser poética a imagem do aluno como ser em desenvolvimento que, com a ajuda do professor, recebe o "alimento da alma e da mente" sob forma de informação.

TUPINIQUIM

A expressão "tupiniquim", usada (às vezes de forma pejorativa) com o sentido de brasileiro, deriva da expressão tupin-i-ki, significando "tupi ao lado, vizinho", conforme o Dicionário Etimológico Brasileiro, ou ainda "tribo colateral, o galho dos tupi" de acordo com o Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa.. É um exemplo de metonímia, uma forma de linguagem que consiste no emprego de um termo por outro em função da relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles. No caso, a associação é feita com a tribo dos Tupiniquins (ou Tupinikins), um grupo indígena brasileiro, pertencentes à nação Tupi, cujo território atual é o município de Aracruz, no norte do Espírito Santo.

BRASILEIRO

O sufixo da nossa nacionalidade, "brasileiros", foge a qualquer padrão que indique país de procedência. "-Es" (japonês, francês, polonês) e "-ano"(italiano, americano, colombiano), são os sufixos mais comuns na língua portuguesa, e -eiro, exceto no caso de "brasileiro", é um sufixo formador de substantivos relativos a profissão (bombeiro, pedreiro), e não de adjetivo referentes à origem ou nacionalidade. Segundo Márcio Pimenta, os primeiros brasileiros sequer haviam nascido no Brasil. Eram portugueses que levavam o pau-brasil daqui para Portugal--um ofício, portanto. Com o tempo, a palavra passou a designar todos aqueles que daqui provinham, e depois os que aqui nasciam.

quinta-feira, 28 de março de 2013

A PALAVRA "BÍBLIA" APARECE NA BÍBLIA?



“Bíblia” é uma palavra que não aparece na Bíblia. Ela vem do termo grego biblos, por causa da cidade fenícia de Biblos, um importante centro produtor de rolos de papiro usados para fazer livros. Com o tempo, a palavra biblos passou a significar “livro”. Biblia é a forma plural (“livros”). A Bíblia, na verdade, é uma coleção de livros. Ela também é conhecida simplesmente como “o Livro”, “o Livro dos Livros”, “o Livro Sagrado”.

CÁLCULO

O cálculo matemático e o cálculo renal têm na palavra latina calculus (= pedra pequena) o seu elo comum. Na Roma e Grécia antigas, as pedrinhas eram usadas para fazer operações aritméticas básicas.

PÁSCOA

A palavra Páscoa advém do nome em hebraico Pessach (=passagem), festa judaica que comemora a passagem da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida. A raiz da palavra Pessach, entretanto, remete à passagem do anjo exterminador, enviado por Deus para matar todos os primogênitos do Egito na noite do êxodo. Os eventos da Páscoa cristã (morte e ressureição de cristo) teriam ocorrido durante a celebração de Pessach, já que Cristo, como se sabe, era judeu (e na última ceia estaria dividindo com os apóstulos exatamente o pão ázimo, uma das tradições judaicas). Já os termos "Easter" e "Ostern" (Páscoa em inglês e alemão, respectivamente) parecem não ter qualquer relação etimológica com o Pessach. Acredita-se que esses termos estejam relacionados com Eostremonat, nome de um antigo mês germânico, formado pelas palavras Eostre (deusa germânica relacionada com a primavera) e Monat (mês, em alemão).

domingo, 10 de março de 2013

RESUMO DO FILME CANUDOS


Análise do Filme - Guerra de Canudos


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Por volta de 1860, o cearense Antônio Vicente Mendes Maciel iniciou longa peregrinação pelo sertão.Durante três décadas pregou a palavra de Deus, construiu igrejas e reformou cemitérios. Apesar de enfrentar a oposição da Igreja Católica e das elites, consolidou enorme prestígio entre a população sertaneja. Quando a República foi proclamada, em 1889, Antônio Conselheiro insurgiu-se contra ela.

A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. O povo foi sendo arrebatado por Antônio Conselheiro, baseados na fé que ele profetizava, em busca de uma vida mais digna, mais justa.

No sertão da Bahia travou-se a Guerra de Canudos, uma das mais sanguinárias revoltas populares da história brasileira. Em novembro de 1896 foi iniciado este conflito que durou por quase um ano, até Outubro de 1897. O movimento que, inicialmente era de cunho religioso, tomou dimensões políticas e devido à enorme proporção que adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças.

O beato Conselheiro era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.

Canudos era um arraial do interior da Bahia, região onde se instalou a partir de 1893 o beato Antônio Conselheiro, juntamente com seus seguidores. Antes, o beato percorrera o sertão pregando transformações e despertando a ira das autoridades e da Igreja Católica, que o consideravam uma ameaça, pois começa a tornar um simples movimento em algo grande demais para a República, que acabara de ser proclamada.

Conselheiro comandou uma queima de editais de cobrança de impostos e, em seguida, refugiou-se com seus adeptos em Canudos. A partir daí, seu exército, uma grande massa de pobres e maltrapilhos, só cresceu, chegando a uma população de 30 mil pessoas. Os seguidores de Antônio Conselheiro apenas defendiam seus lares, mas a nova ordem não podia aceitar que humildes moradores do sertão da Bahia desafiassem a República. Ao mesmo tempo, Conselheiro desenvolveu uma experiência socialista em Canudos, cada família entregava metade de suas posses para o conjunto da comunidade, mantinha roças e criações familiares, vivia desse trabalho e sustentava os desvalidos que iam chegando. Conselheiro seguia princípios da igreja católica e impunha regras religiosas rígidas a seus seguidores, como a "hora da reza" realizada diariamente.

Somente o fato da Guerra de Canudos ter durado quase um ano, com a comunidade de Antônio Conselheiro resistindo até o fim, nos diz que existe algo mais do que fanatismo religioso. Eles estavam coerentes e íntegros com o que sentiam, acreditavam e achavam. O povo lutou porque gostava do Conselheiro, e só queria liberdade para viver e trabalhar em sua terra. Portanto, a coesão social era a força motriz, apesar de outras forças, como a fé religiosa.

 

RESUMO DE "OS SERTÕES"



"Os Sertões: campanha de Canudos", de Euclides da Cunha Os Sertões foi dividido em três partes: "A Terra", "O Homem" e "A Luta".
Euclides descreveu o sertão baiano em A Terra. Iniciou explicando o relevo do Planalto Central brasileiro. Depois descreveu a paisagem sertaneja: seca, dias quentes e noites frias, cheia de árvores sem folhas e espinhentas.
Na segunda parte, "O Homem", o Autor caracterizou os sertanejos e contou a história de Antônio Conselheiro, líder do arraial de Canudos. Euclides destacou as diferenças do sertanejo e dos litorâneos, concluindo que os sertanejos estão isolados da civilização e, portanto, privados de seus bens culturais e materiais.
Antônio Vicente Mendes Maciel (o Conselheiro), líder de Canudos, foi um reflexo dos sertanejos. Nasceu em Quixeramobim, no Ceará, onde trabalhou e logo se casou. Quando foi traído pela mulher, resolveu andar pelos sertões. Após dez anos, Antônio Vicente surgiu como o líder religioso Antônio Conselheiro.
Muitos sertanejos seguiam Conselheiro em sua peregrinação. Mas a situação agravou-se quando o líder religioso instalou-se na antiga fazenda de Canudos. As pessoas vinham de toda parte. O arraial, segundo as autoridades, era um abrigo de criminosos. Amontoavam-se jagunços suficientes para compor um batalhão, homens cruéis e destemidos.
O governo do Estado da Bahia resolveu organizar uma expedição para desbaratar o arraial de Canudos. A primeira expedição, liderada pelo Ten. Pires Ferreira, foi enviada em novembro de 1896. Dispostos estrategicamente, mais preparados e com mais noção do território e de seus ardis, os jagunços saíram vencedores. A segunda expedição, comandada pelo major Febrônio de Brito, foi atacada de surpresa e vencida.
Com grande respaldo popular, a terceira expedição, Expedição Moreira César, partiu de Monte Santo em fevereiro de 1897 e em março invadiu Canudos. O Cel. Moreira César morreu e a expedição fracassou. Os soldados debandaram nas caatingas.
A fuga dos soldados restrugiu-se no país inteiro. A vitória dos jagunços foi considerada um ultraje para a República. Era uma ameaça de restauração da Monarquia... (os sertanejos nem entendiam as reformas republicanas: casamento civil, cobrança de impostos e separação entre Igreja e Estado).
Batalhões de todos os Estados foram mobilizados para destruir Canudos. O Gen. Artur Oscar liderava-os. Com a ajuda do Tenente-Coronel Siqueira de Meneses, comandante astucioso, os soldados combateram e venceram, apesar da repetição dos mesmos erros das expedições anteriores.
A vitória das forças do governo, conseguida após sucessivos reforços, consolidou-se quando compôs-se a Trincheira Sete de Setembro. Canudos estava cercada, mas resistiu com fome e sede até 5 de outubro. Os prisioneiros foram degolados.


BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Juan C. P. de. Euclidesite: vida e obra de Euclides da Cunha. São Paulo: [s.n], 2000. Disponível em http://euclidesite.tripod.com.br. Acesso em nov. 2001.

ANDRADE, Olímpio de Sousa. História e interpretação de 'Os Sertões'. 3. ed. rev. e aum. São Paulo: EDART, 1966. CUNHA, Euclides da. Os Sertões: campanha de Canudos. São Paulo: Martin Claret, 2002.